VILA DE MONTALEGRE

 
CAPITAL DO BARROSO
  
 

Montalegre, vila e sede do concelho, ocupa o coração do planalto barrosão, em lugar sobranceiro ao rio Cavado e à serra do Larouco, que lhe domina as vistas. Está a cerca de oitocentos metros de altitude, pelo que o seu clima é muito frio e rigoroso no Inverno, sendo em contrapartida bastante ameno no verão.


Os historiadores não sabem ao certo desde quando esta terra é habitada. Julga-se porém que houve barrosões desde o segundo milénio antes de Cristo. Prova disso são os inúmeros dólmenes espalhados por todo o concelho, cuja enumeração inclui várias dezenas. No último milénio antes de Cristo, todo o Barroso foi povoado pelo povo celta, que se disseminou pelos outeiros deste território agreste, construindo os seus castros. Estão actualmente inventariados cerca de cinco dezenas. Entre eles, o da vila de Montalegre, sobre cujas ruínas viria a ser mais tarde construído o castelo medieval. Ainda actualmente o povo barrosão exibe as suas características célticas, nas suas feições físicas, no seu carácter violento e orgulhoso e nas suas manifestações lúdicas e culturais.

Embora não haja documentação que o comprove, parece certo que a zona da vila, povoada apenas por pastores até à Idade Média, por essa altura se povoou intensamente, correspondendo este fenómeno à necessidade de povoar e defender o reino portucalense, e em particular, as zonas fronteiriças. Aliás, ao que parece, já então a vila ocupava o lugar de cabeça da terra de Barroso. Com D.Afonso III, Montalegre teve o seu primeiro foral em 1273, confirmado e renovado por D. Dinis em 1289. Este é o primeiro documento escrito que se conhece sobre Montalegre. E dele pouco se sabe mais, porque desapareceu com o incêndio que destruiu a vila durante as escaramuças fronteiriças que opuseram o nosso rei D. Afonso IV a Afonso XI de Castela. Conhece-se uma versão posterior do foral, emitida pelo próprio D. Afonso IV em 1340 e renovado por D. João II, em 1491. Com D. Manuel, em 1515, a vila teve novo foral, o qual acabou com antigos privilégios nobiliárquicos e abriu o caminho para o desenvolvimento que a vila teria nos tempos modernos.

 

Actualmente, Montalegre é uma vila agitada por ser o centro administrativo e comercial do Alto Barroso. Tem foros de minimetrópole. A sua rua principal, a Rua Direita, muito comercial, destina-se apenas ao trânsito de peões. Nesta rua predominam ainda as casas de granito cinzento, típicas de Barroso, que aliás são muito abundantes por toda a vila. Verifica-se com agrado que vários dos edifícios públicos de construção mais moderna, na zona da Portela, exibem o uniforme cinzento acastanhado que lhes impõem o estilo e os materiais de construção tradicionais. Infelizmente há também, por toda a vila, "maisons" de cores garridas, normalmente propriedade de emigrados e por isso fechadas durante a maior parte do ano.
Mas é também uma vila florida, com vários e bem cuidados canteiros e jardins. Sobretudo nas praças principais, onde uma estátua de João Cabrilho domina com o olhar os edifícios solenes do Palácio de Justiça, da Câmara Municipal e da Caixa Geral de Depósitos. Com a mesma passividade, quiçá lamentada, o navegador das Américas contempla as esplanadas fronteiras, onde nas noites frescas de verão entre flores, se podem beber uns copos enquanto se discute o desenlace da última chega de bois.