CASTELO DE MONTALEGRE

GUARDA FRONTEIRIÇO
 

A torre principal do castelo de Montalegre domina a paisagem de toda a vila e de boa parte do planalto barrosão. Vê-se de todos os lados e de lá avista-se toda a povoação, bem assim como boa parte do planalto barrosão. Bem estiveram os seus fundadores ao construi-lo aqui, porque em altivez e orgulho apenas tem como rival a serra do Larouco, que lhe fica fronteira. É o monumento mais marcante e notável de Montalegre. Historicamente é o mais significativo. Constitui ponto obrigatório de paragem, mesmo para o visitante mais distraído.
A sua edificação deve ter-se iniciado no tempo de D. Sancho I, cujas armas apareciam num pelourinho da vila, já desaparecido, apesar de figurar ainda em muitos roteiros turísticos como curiosidade a visitar… Deste pelourinho, apenas ficou o nome, que ainda hoje designa um dos largos próximos do castelo, onde terá estado edificado, até finais do século XIX, altura em que foi transferido para o Largo do Toural, de onde desapareceu sem deixar rasto.
Todavia, tudo indica que o castelo tenha sido edificado em cima dos escombros de uma construção, bastante mas antiga. Assim o dizem as lápides e moedas, do período romano aí encontradas. Já assim o referia Duarte de Armas, o servidor da Coroa que no século XVI visitou e inventariou todos os castelos fronteiriços portugueses.
Entretanto, já no tempo do rei D. Afonso III, curiosamente, o castelo, sede do poderio militar, albergava um exército comandado por um alcaide que, sendo caso raro em Portugal, era de eleição popular. Montalegre, herdeira de uma larga tradição comunitária celta era agora uma beetria, circunscrição autónoma, cujo alcaide, popular, não era nomeado pelo rei, que apenas sancionava a sua eleição pelo povo.
Apesar da origem muito antiga do castelo, a actual configuração da fortaleza é tipicamente dionisíaca, sendo provavelmente o resultado das obras de reforço das fortificações fronteiriças, levadas a cabo no tempo de D. Dinis. Na sequência destas reformas, o castelo viveu então a sua época de apogeu, que coincidiu com o fim da Idade Média. 

Posteriormente, apenas lhe foram feitas algumas dispersas obras de restauro – e entre elas, já as de meados do século XX -, as quais tiveram somente em vista a conservação arquitectónica do monumento. Não obstante, há notícia de que no século XVIII ainda havia guarnição e alcaide no castelo.
Resistindo ao tempo e gratificando o seu visitante com a sua elegância, o castelo ainda actualmente conserva a alcáçova de forma ovalada, cercada por uma muralha granítica, alta e espessa. Numa das faces desta alcáçova há uma porta; do lado oposto, da muralha apenas restam fundações. Espalhadas e implantadas por vários pontos das muralhas, estão as várias torres do castelo. São quatro, das quais a maior é a torre de menagem. É também a mais alta, com quase trinta metros de altura. A sua planta quadrangular tem cerca de treze metros. 

Esta torre é visitável em todos os seus quatro pisos interiores, alguns dos quais são encimados por abóbadas polinervadas. Merecem especial referência os balcões e os varandins do penúltimo piso, de inspiração gótica, que decoram as faces da torre, no seu topo. São todos acessíveis do interior. As restantes torres são de dimensões mais modestas. Como brinde final ao turista, este castelo mostra ainda, no centro da alcáçova, uma notável cisterna, emparedada, a qual tem escadas até ao fundo, a 25 metros abaixo do solo.